domingo, 26 de outubro de 2008

Origem do mangá

A palavra Mangá se origina da união de duas palavras do alfabeto Kanfi (um dos três existentes o Japão): Manketsu (conto ou história) e Fáshiko (ilustração). Podendo ser traduzido e literalmente como "figuras irresponsáveis", o termo Mangá é comumente utilizado para designar as histórias em quadrinhos japonesas.
Os mangás são usualmente grossos volumes com centenas de páginas, lidos da esquerda para a direita. A maioria é impressa em preto e branco, embora, possam ser coloridas em uma única cor. Tal prática se destina a esconder "imagens fantasmas", uma vez que os mangás são impressos em papel reciclado barato. Contudo, ocasionalmente, séries mais consagradas podem ter algumas páginas coloridas em alguns capítulos.
Geralmente várias séries de autores diversos são publicadas em uma única revista. Posteriormente, as séries de maior sucesso são republicadas em tamanho "pocket" em um papel de melhor qualidade em volumes conhecidos como tankohon.
Definir historicamente o surgimento dos mangás é relativamente complicado. Alguns estudiosos apontam suas origens no período Nara (séc VII) com o surgimento do emakimono (rolos de pintura), outros afirmam ter nascido dos desenhos humorísticos de monges orientais do séc. XII.
Entretanto, é quase inegável a influência do estilo de pinturas Ukiyo-e (retratos do mundo flutuante), surgido no período Edo (1603-1867). Os Ukiyo-e (ou estampas japonesas) se tornaram uma forma de entretenimento popular, pois eram facilmente produzidos em massa, impresso em "larga escala" (para os padrões da época) com auxílio de blocos de madeira.
Seus temas variavam desde cenas da vida urbana, temas teatrais, cortesãs, lutadores e paisagens. Às vezes eram compilados em formato de livro, contando uma história. Até mesmo cenas de sexo eram retratadas em ilustrações conhecidas como shungas, e, considerados por alguns, como os predecessores dos hentai - os quais comentaremos mais adiante.
Aliás, era comum presentear os recém-casados com shungas. O fim de tal costume - e simultaneamente declínio de produção dos shungas - veio com o advento da era Meiji e a instauração de uma conduta moral mais rígida.
O mangá moderno surge apenas no começo do séc. XX, influenciado, em parte, por publicações norte-americanas e britânicas. Às vezes eram até mesmo nomeados de Punch-e, nome derivado da revista inglesa Punch Magazine. Muitas das histórias eram tiras ou quadros de humor.
É quase unânime, entretanto, que o grande responsável por tornar os quadrinhos japoneses o que são hoje é Osamu Tesuka. Foi ele quem definiu alguns dos elementos fundamentais do mangá : o desenhos estilizado, a narrativa cinematográfica, e é claro, os famosos olhos grandes.
Alguns citam Walt Disney como fonte de inspiração para o trabalho de Tesuka na criação de personagens com traços exagerados com o intuito de aumentar a expressividade e o efeito dramático.
Contudo, vale ressaltar que o teatro kabuki, do qual dizem que Tesuka era fã, também foi responsáveis pela criação dos famosos "olhões". Além da maquiagem kumadori, que simulava máscaras, os atores usam os olhos como modo de expressão fundamental, abrindo-os ao máximo, ou mesmo chegando a ficar "zarolho" para denotar raiva ou agitação. Tudo no intuito de ressaltar as emoções dos personagens.
Ao contrário do que muitos (preconceituosos) apregoam, os "olhões" não são fruto de inveja japonesa aos arredondados olhos ocidentais (nota da autora: cansei de escutar essa baboseira ¬¬). Os japoneses consideram os olhos como "portais para a alma", assim, os utilizam para transparecer a personalidade e/ou o estado de espírito dos personagens.
Crianças usualmente têm olhos maiores para refletir sua inocência. E, em alguns caos, o mesmo personagem pode ter tamanhos de olhos diferentes, dependendo da situação. Por exemplo, Kenshin Himura (Samurai X/Rurouni Kenshin) e Kirika Yuumura (Noir) variam o tamanho de seus olhos: grande e gentis em situações normais, estreitos e menores durante cenas de batalha.
Retomando um pouco Tesuka, ele foi um dos mais produtivos artistas nipônicos de seu tempo: auxiliado por vários assistentes, ele produzia cerca de 300 páginas de quadrinhos por mês para várias revistas, chegando a produzir 150 mil páginas durante toda sua carreira, além de criar mais de 500 obras.
Alguns de seus personagens são conhecidos aqui no Brasil pelo pessoal “das antigas”, como Tetsuwan Atom, Jungle Tatei e Ribon no Kishi, mais conhecidos como Astro Boy e Kimba, o Leão Branco e A Princesa e o Cavaleiro - que está sendo publicado pela JBC-, criados nos anos 50, e transformados em desenho na década de 60.
Não é à toa que Tezuka é conhecido pelos seus conterrâneos como Manga no Kami-sama , ou o deus do mangá.
Uma característica marcante dos mangás é a prevalência da imagem sobre o texto ao contrário dos quadrinhos americanos, por exemplo. Comparativamente, os quadrinhos americanos são mais textuais. Os quadrinhos japoneses são feitos para serem uma experiência visual, enquanto os americanos são feitos para serem lidos.
Há exceções em ambos os casos, é verdade, além de outras diferenças que merecem ser abordadas em um artigo a parte.
Em resumo, pode-se dizer que os mangás possuem uma narrativa cinematográfica, como se fossem algo visto quadro a quadro.
Nos chamados mangás de história longa, alguns com milhares de páginas, os artistas japoneses buscam estender sua narrativa por muitos capítulos de modo a explorar as nuances psicológicas das personagens e tornar a história mais interessante e detalhada.
No Japão, existem diversos tipos de mangás sobre os mais variados temas possíveis. Entretanto, a maioria é classificado/dividido pela faixa etária e/ou sexo dos leitores e possuem entre si algumas características em comum. Embora, nos últimos tempos, - como toda boa produção artística pós-moderna que se preze - características de um gênero são incorporados a outro e vice-versa, dificultando algumas vezes a classificação exata de uma história.

2 comentários:

Higor Souza disse...

O blog tá ficando show, bem completo sobre a história do mangá e comics, continuem assim!!!!

Anônimo disse...

In America, comics have always been incredibly popular due to American fascination with the superhero. Although the number of young people who read them are in decline, they are still as popular as always on TV and on film. Actually, in the past 4-5 years an incredible number of films have been produced based on comic book heroes. It seems that we are all enamored with the idea of a human-like being who possesses superhuman qualities. It allows us to transcend our own relatively mundane lives by living vicariously through comics.