
"A Princesa e o Cavaleiro", como é conhecido entre nós, foi publicado de novembro de 1953 à janeiro de 1956 na - hoje extinta - revista Shoujo Club. O sucesso foi tão grande que virou espetáculo musical (Takarazuka?) e se tornou radionovela em 1955. Inesquecível, a série foi refeita (houve poucas mudanças como a substituição de Mefisto pela bruxa Hell e a criação do pirata Blood) e republicada, dessa vez na revista Nakayoshi entre janeiro de 1963 e Outubro de 1966. Esta é a versão publicada pela JBC. No ano seguinte, 1967, foi feita a série de tv que contou com 52 episódios. O anime, também criação de Ozamu Tezuka, foi um dos primeiros shoujos a serem animados e chegou por aqui nos anos 70, dizem que sem o áudio e os scripts originais. Mesmo assim, a história foi "recriada" e "recontada" com tanta competência que acabou marcando toda uma geração. Infelizmente, eu não tinha idade para assistir essa série quando ela foi exibida, mas quem viu garante que foi uma das melhores a passar em nosso país, tendo marcado a infância de muitos meninos e meninas.
A história de Safiri é muito conhecida e vamos dar uma pequena palhinha: Nascida em um país, a Terra de Prata, no qual somente os homens podiam reinar, Safiri que deveria ser menina, acaba nascendo com dois corações (um feminino, outro masculino) por causa das traquinagens de um anjinho. Aliás, Ching, o anjinho, é expulso do céu e só pode retornar quando recuperar o coração de menino que plantou dentro de Safiri. Criada como menina às escondidas mas tendo que aprender a se comportar também como um garoto, pois todos acreditam que ela era um rapaz, Safiri sofre por ter que esconder sua natureza feminina para salvar seu trono e sua vida. Entenda-se natureza feminina, nessa obra de Tezuka, como gosto "natural" por fitas, flores e aquele impulso irresistível por chorar e se deixar proteger pelo "príncipe encantado"... mesmo quando você efetivamente não precisa dele.
Safiri se apaixona pelo princípe do reino vizinho, Franz da Terra de Ouro. Depois de escapar de algumas armadilhas, os inimigos da princesa, liderados pelo Duque Duraluminium que deseja o trono para seu filho Plástico, descobrem a sua identidade sexual e dando início ao calvário de Safiri. Depois de muitas aventuras, com a ajuda do anjinho Ching e do príncipe Franz, ela consegue vencer seus inimigos (e são muitos) que queriam roubar-lhe não somente o trono mas o coração (Lembrem que ela tem dois corações.) e a beleza, também. No fim da série, Safiri termina nos braços de seu amado, príncipe Franz, mas não abre mão de seu "lado masculino", entendida na história como coragem, força de vontade, capacidade de comando e habilidade com a espada. Aliás, foi ele que a ajudou a desmascarar inimigos e lutar por seu trono. Safiri e Franz chegam, inclusive, a ter filhos gêmeos, um menino e uma menina, que são as protagonistas de um gaiden que não foi animado, Futago no Kishi (Cavaleiros gêmeos), publicado na Nakayoshi de janeiro a junho da 1958.
A Princesa e o Cavaleiro abriu caminho para muitas outras produções shoujo que se centravam no drama da menina que deve, por motivos diversos, se comportar ou fingir que é um rapaz. Entre tantas é possível citar A Janela de Orpheus e A Rosa de Versalhes de Ryoko Ikeda, Paros no Ken de Yumiko Igarashi e Shoujo Kakumei Utena de Chiho Saito (Aliás, uma das personagens da Princesa e o Cavaleiro, a moça que acha que Safire é um rapaz e quer obrigá-la a se casar com ela, aparece usando uma armadura idêntica aquela que Utena e Anthy usa na abertura da série de tv). Ribon no Kishi serve como um grande início para a discussão dos papéis femininos e masculinos (embora não rompa com eles em absoluto) que irá ser importantíssimo dentro dos shoujo mangá, da discriminação que as mulheres sofrem em um mundo onde as regras são feitas pelos homens e para os homens (quando o mangá saiu a primeira vez fazia poucos anos que a constituição japonesa proibira as mulheres de assumir o trono imperial, por exemplo) e de que todos devem ter o direito de escolha... não é a toa que Safire escolhe ficar com seus dois corações, não é mesmo? A editora JBC terminou de lançar o mangá em português, coisa que parecia algo impossível. Mas A Princesa e o Cavaleiro é obra de Osamu Tezuka, daí terem aberto uma exceção e publicado um clássico.
A história de Safiri é muito conhecida e vamos dar uma pequena palhinha: Nascida em um país, a Terra de Prata, no qual somente os homens podiam reinar, Safiri que deveria ser menina, acaba nascendo com dois corações (um feminino, outro masculino) por causa das traquinagens de um anjinho. Aliás, Ching, o anjinho, é expulso do céu e só pode retornar quando recuperar o coração de menino que plantou dentro de Safiri. Criada como menina às escondidas mas tendo que aprender a se comportar também como um garoto, pois todos acreditam que ela era um rapaz, Safiri sofre por ter que esconder sua natureza feminina para salvar seu trono e sua vida. Entenda-se natureza feminina, nessa obra de Tezuka, como gosto "natural" por fitas, flores e aquele impulso irresistível por chorar e se deixar proteger pelo "príncipe encantado"... mesmo quando você efetivamente não precisa dele.
Safiri se apaixona pelo princípe do reino vizinho, Franz da Terra de Ouro. Depois de escapar de algumas armadilhas, os inimigos da princesa, liderados pelo Duque Duraluminium que deseja o trono para seu filho Plástico, descobrem a sua identidade sexual e dando início ao calvário de Safiri. Depois de muitas aventuras, com a ajuda do anjinho Ching e do príncipe Franz, ela consegue vencer seus inimigos (e são muitos) que queriam roubar-lhe não somente o trono mas o coração (Lembrem que ela tem dois corações.) e a beleza, também. No fim da série, Safiri termina nos braços de seu amado, príncipe Franz, mas não abre mão de seu "lado masculino", entendida na história como coragem, força de vontade, capacidade de comando e habilidade com a espada. Aliás, foi ele que a ajudou a desmascarar inimigos e lutar por seu trono. Safiri e Franz chegam, inclusive, a ter filhos gêmeos, um menino e uma menina, que são as protagonistas de um gaiden que não foi animado, Futago no Kishi (Cavaleiros gêmeos), publicado na Nakayoshi de janeiro a junho da 1958.
A Princesa e o Cavaleiro abriu caminho para muitas outras produções shoujo que se centravam no drama da menina que deve, por motivos diversos, se comportar ou fingir que é um rapaz. Entre tantas é possível citar A Janela de Orpheus e A Rosa de Versalhes de Ryoko Ikeda, Paros no Ken de Yumiko Igarashi e Shoujo Kakumei Utena de Chiho Saito (Aliás, uma das personagens da Princesa e o Cavaleiro, a moça que acha que Safire é um rapaz e quer obrigá-la a se casar com ela, aparece usando uma armadura idêntica aquela que Utena e Anthy usa na abertura da série de tv). Ribon no Kishi serve como um grande início para a discussão dos papéis femininos e masculinos (embora não rompa com eles em absoluto) que irá ser importantíssimo dentro dos shoujo mangá, da discriminação que as mulheres sofrem em um mundo onde as regras são feitas pelos homens e para os homens (quando o mangá saiu a primeira vez fazia poucos anos que a constituição japonesa proibira as mulheres de assumir o trono imperial, por exemplo) e de que todos devem ter o direito de escolha... não é a toa que Safire escolhe ficar com seus dois corações, não é mesmo? A editora JBC terminou de lançar o mangá em português, coisa que parecia algo impossível. Mas A Princesa e o Cavaleiro é obra de Osamu Tezuka, daí terem aberto uma exceção e publicado um clássico.
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